30 de novembro de 2012

"A minha mãe e os meus amigos."

A minha mãe sempre me disse que a vida mudava sem nos apercebermos, nunca lhe dei razão. Sempre pensei que fosse mais um dos seus exageros, nunca acreditei quando ela me dizia que não tinha amigos, tinha apenas colegas, até cheguei a ficar cansada confesso.
Hoje arrependo-me de nunca lhe ter dado ouvidos, se calhar neste momento não fosse tão apanhada de surpresa...
Sempre tive muitos amigos, aliás desde a primária que ela se gabava que eu fazia amigos muito depressa. Tinha vários grupos de amigos desde o grupo dos malucos ao dos meninos grandes e ajuizados: o grupo das noitadas, o grupo da catequese que éramos amigos desde que nos lembramos, os amigos das turmas que já tinha passado, os amigos que moram/ moravam ao pé de mim, os amigos da turma actual... Eram tantos, era bom, lembro-me de não saber para qual deles  ir, e mesmo de juntar certos amigos e ser muito bom.
Era muito bom não só o facto de puder contar com todos esses amigos mas também saber que sempre que eles precisassem eu nunca os ia deixar, pois sempre fui assim de me preocupar mais com os outros do que comigo.
Era bom nunca estar sozinha, coisa que nunca suportei. Adorava saber que aquelas tais pessoas iam estar lá,   que quando saíssemos da aula íamos estar juntas, dar voltas ao campo ou sentar cá em cima na praça, fosse o que fosse satisfazia-me.
Eu era feliz assim!
Hoje olho à minha volta e esses grupos e esses amigos já cá não estão. Mas porquê? Porque é que as pessoas se afastam sem motivos? Como é que conseguem passar frente a frente e fingir que nunca se conheceram? Eu não sei, o que é certo é que isso é triste! Um dia qualquer quando acordamos decidimos a partir de hoje não vou falar mais com Fulano ou Sicrano, tem lógica?
Oh mãe mas porque é que as pessoas se afastam sem motivos e principalmente quando precisamos delas??
Nunca pensei aguentar tanta coisa sozinha, sempre pensei que quando precisasse até poderia escolher com quem falar, mas não é bem assim. Nem isso...
Tenho pena de ter chamado amigos a muitos deles, e isto tornou-me anti social! Já não vou contente ter com nenhum amigo, já não mudo de passeio para falar com nenhum amigo, já não há ninguém que esteja sempre comigo, já não desabafo com ninguém, já não me considero uma rapariga cheia de amigos...
O pior é que não se consegue viver sem amigos, eu pelo menos não consigo, mas que remédio, vai se vivendo um dia de cada vez, sem planos, sem pensar nos amigos que se foram, à espera dos que virão pois serão bem vindos.